segunda-feira, 10 de maio de 2010

A gastronomia como profissão

Há uns três anos atrás, quando eu não fazia ideia do que eu deveria fazer de minha vida e estava me afogando no meu mestrado em Letras, meu marido me perguntou o que eu gostaria de fazer se eu não precisasse ganhar dinheiro.
"Se você ganhasse na loteria hoje, e não precisasse mais trabalhar para ganhar dinheiro, o que você faria?" - ele disse
Respirei fundo e senti uma pontada na boca do estômago, pois eu sabia que não tinha a menor pista sobre o que eu queria “ser quando crescer”. Na hora, respondi que não sabia, mas que, talvez, comprasse muitos imóveis e os colocasse para alugar para viver de renda, sem ter que trabalhar muito. Soou como se eu fosse uma grandessíssima preguiçosa, mas o fato é que eu realmente não sabia. Algum tempo depois, procurei orientação vocacional com uma psicóloga... foi lá que eu avistei o caminho que me levou à gastronomia.
Hoje eu sei que, se eu ganhasse na loteria, eu iria trabalhar muito, em um restaurante meu... continuaria estudando, me aperfeiçoando, fazendo cursos, comprando livros e mais livros da área (sabia que eles são caríssimos?). Mas ganhar na loto é algo quase impossível, principalmente considerando que eu raramente jogo.
Bem, por que eu estou escrevendo isso mesmo? Ah... porque quando eu li o último post, ficou parecendo que eu sou uma pessoa meio mercenária, quando falei que quem trabalha de graça é o sol. Acho que não fui muito clara quando escrevi aquilo. Na verdade, o que eu quis dizer é que, pelo que eu andei pesquisando a respeito do mercado de crítica gastronômica, não dá para eu largar meu emprego de professora e passar a batalhar por isso, nessa área específica, pois a cultura brasileira ainda não vê o crítico gastronômico como um profissional de gastronomia, mas sim como um jornalista (o que eu não sou) que entende de comida, ou porque cozinha um pouco, ou porque gosta muito de apreciar uma boa comida e tem experiência com isso. (É PRECISO ENFATIZAR QUE EU ESTOU FALANDO ISSO COM BASE NO QUE EU ANDEI OUVINDO A RESPEITO. CONVERSEI COM OUTRA ESTUDANTE DE GASTRONOMIA, TAMBÉM PROFESSORA, QUE JÁ FEZ ALGUMAS PESQUISAS NA ÁREA DA CRÍTICA GASTRONÔMICA, E FOI ISSO QUE ELA DESCOBRIU.)
Então eu volto ao ponto em que defino que quero trabalhar na área de gastronomia, mas tenho meus compromissos, meus filhos para criar, e, mesmo sabendo que estarei me realizando, fazendo algo que amo, preciso ganhar dinheiro com isso, afinal, realização profissional é ganhar dinheiro fazendo o que se ama. Estou certa ou estou errada?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Vamos falar de comida...

Depois de quase um ano de criado, resolvi dar a esse blog o destino que ele merece. Resolvi falar nele sobre um tema que eu amo: comida.
Da última vez que eu escrevi, comentei que estava novamente no lugar de aluna. Pois é... agora sou aluna de gastronomia. E pretendo seriamente deixar a sala de aula dos cursos de Licenciatura em Letras (sim, eu sou professora) para trabalhar com o que eu tenho AMADO fazer: comida!!!!
Inicialmente, adianto que não sou crítica gastronômica. Pelo que soube, é costume, no nosso país, que jornalistas façam esse trabalho, mesmo quando esses não têm formação em gastronomia. Também soube que muitos dos que escrevem para revistas especializadas na área o fazem porque gostam e não recebem nem um centavo para isso. Bem, eu amo comida... amo cozinhar e estou amando estudar tudo o que tenho visto, mas quem trabalha de graça é o sol, paradinho no Universo, só emitindo calor e luz. No mais, pretendo comentar sobre minhas descobertas, minhas opiniões, meu gosto pessoal, minhas dúvidas dentro dessa área. E hoje eu já trago uma dúvida: o que faz com que alguém que sempre acertou a fazer um prato passe a errá-lo totalmente?
Colocando em exemplo claro: antes, eu fazia um bom bolo de cenoura. Macio, aerado, saboroso, leve. Minhas colegas gostavam tanto que passaram a encomendar para as reuniões pedagógicas. Então, um dia, o bolo solou... e nunca mais eu fiz um bolo de cenoura que não ficasse com aquele aspecto e aquela textura compactada e úmida demais como dos bolos de aipim e carimã. Mudei a marca da farinha de trigo, testei novas receitas, comprei balança de precisão, solicitei regulagem do forno... tentei. E desisti de fazer esse bolo. Mas não me conformo com isso. Onde já se viu? se ao menos eu nunca tivesse feito tal iguaria, vá lá. Mas eu fiz milhões de vezes. Acho que faço esse bolo há mais de 10 anos!!!
Ainda é um mistério. Será que alguém pode perder o mojo para algum preparo? Pensei que o tempo, a prática e a experiência levasse à perfeição. Agora não sei mais de nada.

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